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Publicado originalmente em Revista Costura Perfeita Edição Ano XXI – N114 – Março – Abril 

Por Silvia Boriello


Como as mulheres impulsionam os setores têxtil e confeccionista brasileiros

A figura feminina sempre se destacou na arte milenar do têxtil, tornando-se fundamental para o seu desenvolvimento no mundo. Como na 1ª Revolução Industrial, por exemplo, protagonizada por esse mesmo setor, a força de trabalho feminina era presente e maciça, principalmente na luta por melhores condições trabalhistas e igualdade salarial, que eclodiu, depois, na criação do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.

De acordo com o Estudo Especial sobre Diferenças no Rendimento do Trabalho de Mulheres e Homens nos Grupos Ocupacionais, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Programa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), em 2018, o valor médio da hora trabalhada era de R$ 13 para as mulheres contra R$ 14,20 para os homens, ou seja, as mulheres ganhavam 20,5% a menos. A carga horária semanal também apresentou diferenças: 42,7 horas para os homens e 37,9 horas para as mulheres, isso sem contar o trabalho doméstico, majoritariamente desenvolvido por elas, e sem remuneração.

Segundo o mesmo estudo, a participação feminina no grupo de diretores e gerentes – isso em todos os setores – era de 41,8%, com rendimento médio de R$ 4.435, correspondente a 71,3% da média masculina (R$ 6.216). O único agrupamento ocupacional em que há igualdade salarial é o dos militares, das forças armadas, policiais e bombeiros, mas ainda existe um abismo em números de cargos ocupados por mulheres. Vale lembrar que, em 2018, a população brasileira era de 207.853.000, com as mulheres representando uma fatia de 51,7% dessa população, e sendo responsáveis pelo sustento de 34,2% dos domicílios. Mas esse percentual vem subindo, e hoje está em 46%.

“Quando homens e mulheres superarem as crenças limitantes e os estereótipos culturais, equiparando responsabilidades em casa e na empresa, as empreendedoras terão mais chances de prosperar não só nas empresas, mas na vida em sociedade”, declarou recentemente o diretor presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles.

Aqui no Brasil, dos cerca de 1,5 milhão de postos formais dos setores têxtil e confeccionista, quase 970 mil são ocupados pela força feminina (34% no têxtil e 71% na confecção), e apesar de estarem cada dia mais ocupando cargos de liderança, ainda passam ao largo de paridade com o universo masculino, em quantidade e ganhos salariais. Mas, sem dúvida, até hoje continuam sendo a força motriz para a roda do têxtil girar.

Por isso, nesta edição de Costura Perfeita, destacamos o perfil de algumas dessas mulheres que vêm impulsionando a indústria, sem jamais nos esquecer dos milhares de anônimas dando sua contribuição. Conheça a seguir.



EMPREENDEDORISMO: MULHERES REPRESENTAM 50% DOS NOVOS NEGÓCIOS NO BRASIL

“É mais difícil empreender quando se trata de mulheres, e os motivos são basicamente culturais”. Essa declaração foi dada pela coordenadora nacional de projetos de empreendedorismo feminino do Sebrae, Renata Malheiros, em 2019, após o lançamento do Empreendedorismo Feminino no Brasil, produzido pela entidade, que aponta que os principais setores liderados por mulheres no país são de alimentos e bebidas, vestuário e beleza. Segundo Renata, é uma questão cultural, pois as mulheres têm capacidade para liderarem em qualquer setor.

“Metade das empresas é aberta por homens, mas 44% das mulheres que empreendem o fazem por necessidade, em relação a 32% dos homens. O ideal é empreender por oportunidade”, completou. Por esse motivo, o Sebrae lançou agora em março um espaço exclusivo em seu portal para orientar mulheres donas de negócios ou que pretendem abrir a própria empresa. De acordo com Renata, a criação da página foi pensada justamente para reforçar a importância de políticas de sensibilização e de tomada de consciência pelas mulheres, inspirando-as a empreender de forma sustentável. O endereço é www.sebrae.com.br (procure na aba Empreendedorismo, “A força do empreendedorismo feminino”, ou copie o link: https://bit.ly/3dk2tjD).

Ainda sobre mulheres empreendedoras no Brasil – são 9,6 milhões delas –, outro dado curioso se dá em relação às mulheres negras neste universo: 49% delas empreendem por necessidade, contra 35% das brancas, e só 21% das mulheres negras que empreendem têm CNPJ, enquanto as mulheres brancas, 42%. O maior contingente está em São Paulo (642 mil), porém a maior participação relativa está na Bahia, onde 83% das mulheres donas de negócios são negras.

Além disso, mesmo sendo 17% das empreendedoras do país, as mulheres negras ganham menos do que todos os outros grupos estudados: sua média mensal é de R$ 1.384, enquanto as mulheres brancas ficam com R$ 2.691 e os homens brancos R$ 3.284 por mês. A maior parte se concentra em serviços domésticos, serviços ambulantes de alimentação, cabeleireiras e outras atividades do setor de beleza, bem como nas atividades de ensino, no comércio varejista de artigos de perfumaria e vestuário, na confecção de roupas e na fabricação de outros artigos têxteis.

De acordo com o estudo do Sebrae, 90% das MEIs inscritas sob o CNAE 1412602 (confecção, sob medida, de peças de vestuário, exceto roupas íntimas) são mulheres, enquanto 85% estão sob o CNAE 1412601 (confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas e as confeccionadas sob medida) e 76% no 4781400 (comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios).


KARINE LIOTINO

CEO do Etiqueta Certa

Formação: Bacharel em Têxtil e Moda (EACH-USP), Mestrado e Doutorado em Engenharia de Produção (POLI – USP).

Quantas mulheres trabalham na empresa em que está?: Somos uma equipe pequena e estamos crescendo, porém as mulheres são maioria, somos 5 mulheres e 2 homens.

Há quanto tempo atua no mercado de trabalho? Sente que já enfrentou algum tipo de preconceito ou “teve de provar mais” por ser mulher?: Atuo no setor têxtil e de moda brasileiro há 12 anos e, principalmente no início, sofri muito assédio moral por ser mulher e jovem. Inicialmente as pessoas pensam que o mundo da moda é feminino, mas não, ele é duro, masculino e extremamente machista. As lideranças e os cargos estratégicos ainda estão em maioria nas mãos dos homens, e as mulheres ficam com os cargos intermediários, nos quais elas precisam operacionalizar muita coisa e fazer acontecer, mas com pouca autonomia de decisão.

Como descreve sua atuação para o mercado têxtil e de confecção e de que forma percebe o impacto de seu trabalho para o impulsionamento do setor no Brasil?:

Realmente acredito que faço a diferença no setor e desempenho um papel de formadora de opinião no Brasil. Desde o meu primeiro dia de trabalho até hoje, penso o tempo todo em como posso colaborar na criação de conexões entre as pessoas e as empresas que contribuem para o crescimento dos negócios. Procuro, sempre que possível, sensibilizar profissionais e empresários a buscarem capacitações e informações relevantes para ajudá-los a crescer seus negócios de forma estratégica e sustentável. Isso porque acredito que os setores têxtil e confeccionista brasileiros é extremamente importante para a economia do nosso país e cada empresa tem a responsabilidade social de crescer, gerar empregos qualificados e gerar valor para a sociedade como consequência do seu sucesso.

Que mulher te inspira?: Oprah Winfrey, pelo seu mindset vencedor e inspirador.


MARIANA CORREA DO AMARAL

Sócia-fundadora e diretora de operações do Etiqueta Certa.

Formação: Fiz o Mestrado e a Graduação em Têxtil e Moda na USP e uma pós-graduação em Sustentabilidade no Senai.

Há quanto tempo atua no mercado de trabalho? Sente que já enfrentou algum tipo de preconceito ou “teve de provar mais” por ser mulher?: Trabalho há 12 anos para a indústria têxtil, sempre com assuntos focados em compliance, legislação e normas técnicas. Apesar de ter bastante experiência no assunto, percebo que tenho de provar o tempo todo meus conhecimentos, não só por ser mulher e jovem, mas também pelo próprio tema em si, que exige grande responsabilidade.

Como descreve sua atuação para o mercado têxtil e de confecção e de que forma percebe o impacto de seu trabalho para o impulsionamento do setor no Brasil?: As empresas que querem continuar no jogo precisam pensar em inovação estratégica, por isso considero nossa proposta de valor disruptiva, pois, por meio da automatização, fazemos com que os colaboradores possam focar sua energia e criatividade no que realmente importa, que é entregar um

produto que venda e encante o cliente, gerando mais negócios.

Que mulher te inspira?: Rachel Maia, hoje presidente da Lacoste no Brasil, mas que já passou por outras grandes marcas do segmento da moda. Acho a trajetória profissional dela incrível, pois, além de ser uma das poucas mulheres negras a chegar a cargos de liderança, também trabalha com projetos para capacitação profissional.

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Post Author: etiquetacerta

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